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Trombose venosa cerebral e anticoncepcional: MITOS E VERDADES


Toda mulher que toma anticoncepcional vai ter trombose venosa cerebral?

O que é trombose venosa cerebral?


Rotulado por alguns como medicamento demoníaco e causador de trombose e outras trágicas doenças em mulheres, o anticoncepcional NÃO é a causa única de tromboses e NÃO são todas as mulheres que tomam anticoncepcional que terão algum problema com o medicamento.


O anticoncepcional é apenas mais um dos fatores acumulados, mas não basta tomar anticoncepcional para ter uma trombose, a pessoa tem que ter genética e outros fatores de risco para que isso ocorra.

Assim como nas panturrilhas há veias que podem se obstruir por trombose, as veias que drenam o cérebro também podem se obstruir por trombose.


Os fatores de risco sistêmicos são os mesmos em ambos os casos.


O principal fator de risco é a imobilidade (principalmente em pacientes acamados e pós cirúrgicos).


Trombose é um evento muito mais comum em pessoas sedentárias do que naqueles que praticam atividade física regular.


Outro fator de risco muito importante é o tabagismo (pessoas que fumam têm risco muito maior de trombose do que os não fumantes).


São várias as doenças hematológicas que aumentam o risco de um paciente ter trombose.


Geralmente são doenças hereditárias e o paciente descreve outros casos de trombose na família.


Dentre essas: anemia falciforme e outras anemias (como talassemia), hemoglobinúria paroxística noturna, trombocitemias, deficiência de antitrombina III, deficiência de proteína S, deficiência de proteína C, fator V de Leiden, mutação do gene da protrombina, hiperhomocisteinemia, etc.


Outros fatores de risco são doenças reumatólógicas (popularmente rotuladas como “reumatismos”) e autoimunes: doença de Behcet, Lúpus, granulomatose de Wegerner, Doença de Crohn, Retocolite ulcerativa, síndrome nefrótica, tireotoxicose (doença da tireóide), etc.


Ainda são fatores de risco sistêmicos: cardiopatias congênitas, insuficiência cardíaca, marca-passo, cirrose, uso de lítio (remédio usado por pacientes psiquiátricos com transtorno bipolar) uso de asparaginase, uso de quimioterápicos, uso de anabolizantes androgênicos, uso de drogas ilícitas tipo ecstasy, etc.


A população feminina apesenta três fatores de risco a mais: a gravidez (por si só já é fator de risco para trombose), o puerpério (que também é fator de risco para trombose por si só) e o uso de anticoncepcionais.


Na maioria das mulheres, o anticoncepcional NÃO causa trombose, ele aumenta o risco naquelas mulheres que já têm outros fatores de risco associados descritos acima.


Em 75% dos casos de trombose cerebral há cefaléia (dor de cabeça).


A topografia (localização) do seio venoso trombosado pode determinar outros sinais e sintomas, como: síndrome de hipertensão intra-craniana com truvação visual, crises convulsivas, déficits neurológicos focais (por exemplo: perder o movimento de alguma parte do corpo).


Trata-se de uma emergência neurológica.

Sempre que possível, deve-se considerar abordagem específica para a doença de base e pesquisar distúrbios de coagulação hereditários (realizar exames complementares a fim de tentar afastar todas as doenças supracitadas que também são fatores de risco para a trombose venosa cerebral).


O uso de droga antiepiléptica para todos os casos é controverso (depende da ocorrência de crise epiléptica).


O tratamento consiste em tratar ou afastar todos os possíveis fatores de risco.


Em geral, o tratamento consiste em heparinização plena em fase aguda e anticoagulação oral por 3 meses a 1 ano (a depender da gravidade e extensão).


Há um bom prognóstico se adequadamente tratado, com 80% dos casos apresentando recuperação completa e sem perda funcional após 1 ano.


 

Dra. Claudia Soares Alves

Médica Neurologista

CRM GO 12452  |  CRM MG 41000

RQE 7919 e 6115






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